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Diálogo inclusivo na Cúpula da Amazônia: os povos indígenas devem estar no centro de todos os diálogos

A Cúpula da Amazônia (8 e 9 de agosto) e os Diálogos Amazônicos (4 a 6 de agosto) têm despertado discussões vitais sobre a preservação da maior floresta tropical do mundo e seu imenso significado ecológico. No entanto, é crucial enfatizar que essas discussões não podem ser completas sem o envolvimento ativo dos Povos Indígenas e Comunidades Locais que historicamente têm sido os administradores mais eficazes desse ecossistema inestimável.

A importância dessa abordagem inclusiva foi destacada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e várias organizações indígenas durante a preparação para a Cúpula da Amazônia. Os Povos Indígenas da Amazônia se reuniram para destacar as questões prementes em torno da floresta amazônica, particularmente as ameaças representadas pela tese do Time Frame (Marco Temporal) e a aproximação do “ponto sem volta”.

Durante a Cúpula Amazônica, os líderes de oito países amazônicos, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela buscarão renovar o Tratado de Cooperação Amazônica (ACT) e sua organização relacionada (OTCA). O objetivo é chegar a um acordo abrangente para o futuro da Amazônia. No entanto, é imperativo lembrar que qualquer abordagem para preservar a floresta tropical deve ser informada pela sabedoria coletiva das pessoas que nutriram e protegeram essas terras por gerações.

Múltiplos estudos, incluindo evidências recentes do Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP), apóiam consistentemente a ideia de que a preservação e o manejo sustentável da Amazônia estão intrinsecamente ligados aos direitos e ao envolvimento de seus habitantes nativos. Na verdade, os territórios indígenas em toda a Amazônia têm taxas de desmatamento mais baixas do que qualquer outra terra, incluindo áreas protegidas nacionalmente.

No entanto, os formuladores de políticas da região ainda não se comprometeram a demarcar mais terras para os Povos Indígenas, e alguns governos estão fazendo exatamente o oposto. No Brasil, os povos indígenas têm se posicionado contra a tese do Time Frame, argumento jurídico que concede direitos fundiários exclusivamente aos povos que estavam presentes ou em disputa por um determinado pedaço de terra em 5 de outubro de 1988, dia em que a Constituição Federal foi promulgada. Essa afirmação não leva em consideração casos de deslocamento e invasão de assentamentos por exploradores de terra e comerciantes de madeira.

“Somos mais de 180 povos na Amazônia brasileira e não tem como falar, não tem como dialogar sobre preservação sem falar em demarcação de territórios indígenas”, disse Auricélia Arapiun, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COAIB) durante a plenária dos Diálogos Amazônicos. “Não queremos uma discussão em que não sejamos ouvidos. Queremos que seja respeitado o nosso direito ao Consentimento Livre, Prévio e Informado; queremos ver a eficácia das políticas que protegem nossos territórios”, acrescentou.

Em carta recente escrita pela APIB e várias outras organizações da região, mencionava o seguinte: “Exigimos que sejam consideradas as nossas próprias formas de organização territorial e ocupação tradicional e originária, independentes e anteriores ao reconhecimento do Estado” e também apontou que “Discutir o futuro da Amazônia sem os povos indígenas equivale a violar nossos direitos originários e todo o trabalho que fazemos pela vida humana no planeta”.

À medida que avançamos em nossa missão coletiva de salvaguardar a floresta amazônica, é imperativo garantir que as vozes dos Povos Indígenas e das Comunidades Locais permaneçam na vanguarda da conversa. A preservação deste inestimável tesouro natural depende de nossa capacidade de incluir e respeitar aqueles que foram seus guardiões desde tempos imemoriais. Sem suas percepções, tradições e participação ativa, qualquer debate sobre a conservação da Amazônia seria incompleto e inerentemente falho. Vamos nos unir para reconhecer a importância do diálogo inclusivo e da colaboração equitativa para o futuro da Amazônia e do nosso planeta.

Para apoiar os Povos Indígenas e Comunidades Locais durante a Cúpula Amazônica siga e doe para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (@apiboficial).

photos: @cristian-arapiun

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