Os guardiões do amanhã protegem a riqueza da nossa biodiversidade

Os Povos Indígenas e as Comunidades Locais são essenciais para proteger os nossos sistemas alimentares, no entanto estão gravemente ameaçados pela agricultura industrial e pela apropriação desenfreada de terrenos. Produtos básicos como soja, óleo de palma e gado, que dominam a agricultura mundial, estão impulsionando o desmatamento generalizado, a degradação do solo e a perda de biodiversidade. Estamos usando nossa força para exigir o reconhecimento de nossos saberes tradicionais, pois eles são fundamentais para transformar os sistemas alimentares, tornando-os mais resilientes, sustentáveis e capazes de nutrir nossos corpos hoje e para as gerações futuras.

idoso indígena indonésio de camisa amarela usa uma ferramenta para preparar folhas, sentado ao ar livre com plantas ao seu redor

foto: Kalfein Wuisan

A seguir, analisamos mais detalhadamente como o sistema alimentar mundial está afetando a biodiversidade e os ecossistemas:

ilustração de papagaio vermelho, azul e amarelo

Nosso sistema alimentar mundial é uma das principais causas da perda de biodiversidade. Na verdade, a agricultura coloca em risco de extinção 24.000 de 28.000 espécies (86%).

ilustração de planta de café

O sistema alimentar mundial também está causando um grave impacto em nossas florestas e na biodiversidade que elas abrigam. A agricultura comercial em grande escala é responsável por 40% do desmatamento nas regiões tropicais e subtropicais.

ilustração de planta roxa

Embora existam 6.000 espécies vegetais utilizadas para alimentação, nove delas, como o trigo, o arroz e a soja, representam 66% da produção mundial de culturas. Atualmente, apenas cerca de 170 espécies são amplamente cultivadas para alimentação.

Preservar o futuro

O PAPEL DO SABER TRADICIONAL

Como Povos Indígenas, somos os guardiões do conhecimento vital que sustenta os sistemas alimentares e a biodiversidade. Nossas práticas tradicionais, que nutrem milhares de variedades de uma única espécie, refletem nossa crença na diversidade como valor intrínseco dos sistemas alimentares e exemplificam nosso profundo entendimento da biodiversidade e da gestão sustentável da terra. A ciência ocidental demonstrou que gerimos ecossistemas que desempenham um papel crucial na mitigação das alterações climáticas e fornecem serviços ecossistêmicos essenciais, promovendo a resiliência e o bem-estar das comunidades. Para salvaguardar nossos valiosos saberes tradicionais, exigimos que as convenções internacionais reconheçam as variedades de sementes indígenas e os saberes associados como propriedade intelectual, garantindo uma distribuição justa dos benefícios e protegendo nosso patrimônio cultural da exploração e apropriação indevida.

três mulheres indígenas, com os rostos pintados e vestidas com roupas tradicionais, participam de uma cerimônia cultural

foto: Kamikia Kisedje

Estas receitas oferecem uma janela para tradições ancestrais, nas quais a comida se torna uma forma de nos conectarmos com a terra, as plantas e os seres que nos rodeiam.

ilustração de mandioca e cana de açúcar

Cauim

cerveja ancestral do povo pataxó

ilustração de bododji

Bododji

prato tradicional do povo emberá

ilustração de tempeh

Nasi Campur Bali

prato tradicional balinês de arroz misto

COP16 e além

PROTEGER OS SISTEMAS ALIMENTARES E A BIODIVERSIDADE PARA AS GERAÇÕES FUTURAS

Da perspectiva dos Povos Indígenas e das Comunidades Locais, a COP16 representa um momento crucial para proteger nossos sistemas alimentares e os saberes que os sustentam. Nossas tradições, construídas ao longo de gerações, são a base de sistemas alimentares resilientes e sustentáveis que nutrem não apenas nossas comunidades, mas também a biodiversidade das terras que chamamos de lar. Sempre compreendemos o delicado equilíbrio entre a terra, as plantas e os animais que nos cercam. Nossas sementes, nossos métodos de cultivo e nossas práticas alimentares são fundamentais para manter essa harmonia e garantir a segurança alimentar para o futuro. Na COP16, reivindicamos nossos direitos à terra, a sermos membros ativos dos processos que ocorrem em nossos territórios e a proteger as conexões entre os espaços e as sementes que nos nutrem hoje e amanhã.

uma mão vira tortilhas no fogão, com uma panela de recheio cozido e uma prensa de massa por perto em uma cozinha tradicional

foto: Cesar Arroyo Castro

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Cauim

Ancestral Beer of the Pataxó People

Cauim is a traditional beer made by the Pataxó people in Brazil, created primarily by women and an essential part of many indigenous celebrations and rituals. This ancestral beverage holds profound cultural significance, connecting the Pataxó to the supernatural world. During the fermentation process, the drink and its container transform into “supernatural entities,” which play a role in indigenous cosmology. Made from cassava with the addition of cane juice, it has a taste reminiscent of modern-day beers.

Ingredients

  • 1 liter of cane juice
  • 1 liter of water
  • 5 kg of peeled and sliced cassava

Preparation

  1. Cook the cassava: Place the cassava in a pot and cook it for about 40 minutes over high heat, then allow it to cool completely.
  2. Mash the cassava: Once cooled, mash the cassava by hand for around 10 minutes. It should become a paste, though some small pieces (about the size of an olive) can remain.
  3. Mix with liquids: In a separate pan, combine the 1 litre of cane juice with 1 litre of water, stirring well to ensure an even mixture.
  4. Ferment: Pour the liquid mixture into the mashed cassava, cover the pot, and let it ferment for several days.
  5. Wait for fermentation: After six days, the drink will have reached an alcoholic content, making it ready to enjoy.

Cauim is more than a beverage; it’s a cultural symbol of the Pataxó people’s connection to the land and spiritual world, deeply embedded in their traditions and community gatherings.

Bododji

Traditional Dish of the Emberá People

Bododji is a traditional dish from the Emberá people of Panama, prepared by wrapping rice in bijao leaves. The bijao leaves not only serve as a natural wrapper but also impart a unique, fragrant flavor to the rice, making this dish a staple in Emberá cuisine. It is a dish that reflects both the culinary and cultural practices of the Emberá people, often prepared in communal settings with each member playing an important role. Bododji can be served on its own or paired with fried fish, stewed chicken, or fried chicken.

Ingredients

  • Bijao leaves (to wrap the rice)
  • 2 cups of rice
  • String (to tie the bundles)
  • Water

Preparation

  1. Prepare the bijao leaves: Begin by collecting the bijao leaves, which are large and flexible. If they are too big, cut them in half to make them easier to work with.
  2. Soak the rice: While preparing the leaves, soak the rice in water for about 30 minutes, allowing it to soften and absorb the water.
  3. Assemble the bundles: Place a portion of the soaked rice on each bijao leaf. Carefully wrap the rice with the leaf, ensuring it is fully enclosed. Secure the wrapped bundles by tying them with string.
  4. Boil the Bododji: Prepare a large pot of water on the stove and bring it to a boil. Once the water is boiling, carefully place the rice bundles into the pot.
  5. Cook: Let the bundles cook for about one hour, ensuring they are tender and thoroughly cooked.
  6. Serve: Once cooked, the Bododji will be soft, flavorful, and infused with the distinct aroma of the bijao leaves. It can be served on its own or accompanied by fried fish, stewed chicken, or fried chicken, depending on preference.

Bododji is a simple yet flavorful dish that celebrates the connection between the Emberá people and nature, offering a unique taste of their rich culinary tradition. 

Nasi Campur Bali

A Traditional Balinese Mixed Rice Dish

Nasi Campur Bali is a vibrant and flavorful dish that reflects the rich culinary heritage of the Balinese people. Each ingredient contributes to the story of the land, where rice, spices, and fresh produce come together in perfect harmony. In Balinese cuisine, rice is not just a staple; it is central to life itself, connecting the people to the land, the spirits, and their ancestors. This dish, with its blend of grilled meats, vegetables, tempeh, and sambal, celebrates the balance between the elements that nourish both the body and the soul.

Ingredients

  • 2 cups of cooked rice
  • 1 stalk of lemongrass (bruised)
  • 1 teaspoon turmeric powder
  • 2 kaffir lime leaves
  • Grilled meats (such as chicken or fish)
  • Sambal (chili sauce)
  • Fried tempeh
  • Assorted vegetables (steamed or stir-fried)
  • Lime wedges

Preparation

  1. Flavor the rice: Mix the cooked rice with turmeric powder, bruised lemongrass, and kaffir lime leaves. Stir gently to infuse the rice with aromatic flavors.
  2. Prepare the sides: Grill your choice of meats (such as chicken or fish) and set aside. Fry the tempeh until golden and crisp. Steam or stir-fry a selection of vegetables like spinach, bean sprouts, or green beans, as desired.
  3. Assemble the dish: On a plate, place a generous portion of the fragrant yellow rice. Arrange the grilled meats, fried tempeh, and vegetables around the rice.
  4. Add sambal: Serve with a spoonful of sambal on the side for a burst of heat and flavor.
  5. Garnish: Finish with a squeeze of lime to brighten the dish.

Nasi Campur Bali is more than just a meal—it’s a reflection of the land’s abundance, a celebration of Balinese flavors, and a reminder of the connection between food and the natural world.

Cauim

cerveja ancestral do povo pataxó

O cauim é uma cerveja tradicional feita pelo Povo Pataxó do Brasil, criada principalmente por mulheres e parte essencial de muitas celebrações e rituais indígenas. Esta bebida ancestral tem um profundo significado cultural, pois conecta os Pataxó com o mundo sobrenatural. Durante o processo de fermentação, a bebida e seu recipiente se transformam em “entidades sobrenaturais”, que desempenham um papel importante na cosmologia indígena. Elaborada a partir de mandioca com adição de caldo de cana, tem um sabor que lembra as cervejas modernas.

Ingredientes

  • 1 litro de caldo de cana
  • 1 litro de água
  • 5 kg de mandioca descascada e cortada em rodelas

Preparação

  1. Cozinhar a mandioca: Colocar a mandioca em uma panela e cozinhar por cerca de 40 minutos em fogo alto, depois deixar esfriar completamente.
  2. Triturar a mandioca: Depois de esfriar, triturar a mandioca à mão por cerca de 10 minutos. Deve ficar uma pasta, embora possam ficar alguns pedaços pequenos (do tamanho de uma azeitona).
  3. Misture os líquidos: Em uma panela separada, misture o litro de suco de cana com o litro de água, mexendo bem para obter uma mistura homogênea.
  4. Fermentar: Despeje a mistura líquida na mandioca amassada, cubra a panela e deixe fermentar por vários dias.
  5. Aguardar a fermentação: Após seis dias, a bebida terá atingido o teor alcoólico e estará pronta para consumo.

O cauim é mais do que uma bebida, é um símbolo cultural da conexão do Povo Pataxó com a terra e o mundo espiritual, profundamente enraizado em suas tradições e encontros comunitários.

Bododji

prato tradicional do povo emberá

O Bododji é um prato tradicional do Povo Emberá do Panamá, preparado envolvendo arroz em folhas de bijão. As folhas de bijão não servem apenas como invólucro natural, mas também conferem um sabor único e aromático ao arroz, tornando este prato um elemento básico da culinária Emberá. É um prato que reflete tanto as práticas culinárias quanto culturais do povo Emberá, e geralmente é preparado em ambientes comunitários, nos quais cada membro desempenha um papel importante. O Bododji pode ser servido sozinho ou acompanhado de peixe frito, frango guisado ou frango frito.

Ingredientes

  • Folhas de bijão (para envolver o arroz)
  • 2 xícaras de arroz
  • Cordão (para amarrar os embrulhos)
  • Água

Preparação

  1. Prepare as folhas de bijão: Comece por recolher as folhas de bijão, que são grandes e flexíveis. Se forem muito grandes, corte-as ao meio para que sejam mais fáceis de manusear.
  2. Molhe o arroz: Enquanto prepara as folhas, molhe o arroz em água por cerca de 30 minutos, para que amoleça e absorva a água.
  3. Forme os embrulhos: Coloque uma porção do arroz em cada folha de bijão. Envolva cuidadosamente o arroz com a folha, certificando-se de que fica completamente fechado. Amarre os embrulhos com um cordão.
  4. Ferva o Bododji: Prepare uma panela grande com água no fogão e leve para ferver. Quando a água estiver fervendo, coloque cuidadosamente os embrulhos de arroz na panela.
  5. Cozimento: Deixe os embrulhos cozinharem por aproximadamente uma hora, certificando-se de que estejam macios e bem cozidos.
  6. Servir: Depois de cozido, o Bododji estará macio, saboroso e impregnado do aroma característico das folhas de bijão. Pode ser servido sozinho ou acompanhado de peixe frito, frango guisado ou frango frito, conforme a preferência.

O Bododji é um prato simples, mas saboroso, que celebra a conexão entre o Povo Emberá e a natureza, e oferece um sabor único de sua rica tradição culinária.

Nasi Campur Bali

prato tradicional balinês de arroz misto

O Nasi Campur Bali é um prato vibrante e saboroso que reflete a rica herança culinária do povo balinês. Cada ingrediente contribui para a história da terra, onde o arroz, as especiarias e os produtos frescos se combinam em perfeita harmonia. Na cozinha balinesa, o arroz não é apenas um alimento básico, é fundamental para a vida, pois conecta as pessoas à terra, aos espíritos e aos seus antepassados. Este prato, com sua mistura de carnes grelhadas, vegetais, tempeh e sambal, celebra o equilíbrio entre os elementos que nutrem tanto o corpo quanto a alma.

Ingredientes

  • 2 xícaras de arroz cozido
  • 1 talo de capim-limão (esmagado)
  • 1 colher de chá de açafrão em pó
  • 2 folhas de limão kaffir
  • Carnes grelhadas (como frango ou peixe)
  • Sambal (molho de pimenta)
  • Tempeh frito
  • Vegetais variados (cozidos no vapor ou salteados)
  • Gomos de limão

Preparação

  1. Tempere o arroz: Misture o arroz cozido com açafrão em pó, capim-limão esmagado e folhas de limão kaffir. Mexa delicadamente para que o arroz absorva os sabores aromáticos.
  2. Prepare os acompanhamentos: Grelhe a carne de sua preferência (como frango ou peixe) e reserve. Frite o tempeh até ficar dourado e crocante. Cozinhe no vapor ou refogue uma seleção de vegetais como espinafre, brotos de soja ou feijão verde, conforme preferir.
  3. Monte o prato: Em um prato, coloque uma porção generosa de arroz amarelo aromático. Coloque a carne grelhada, o tempeh frito e os vegetais ao redor do arroz.
  4. Adicione sambal: Sirva com uma colher de sambal ao lado para dar um toque picante e saboroso.
  5. Decore: Finalize com um fio de limão para dar brilho ao prato.

O Nasi Campur balinês é mais do que uma simples refeição: é um reflexo da abundância da terra, uma celebração dos sabores balineses e uma recordação da conexão entre a comida e o mundo natural.